Comecei, tentei começar.
Decidi e quase fui, mas foi
por um triz.
Por esse triz, fiquei de pé, fiquei
no chão, na areia – sempre funda,
imersa de corpo inteiro.
Menos a cabeça. Esta, no céu.
Não, eu não tinha decidido ser feliz.
Por esse triz, o tempo passou,
rápido como cresce uma criança.
Foi de um salto, de uma poesia, de uma
música de carnaval.
E, em meio a marchinhas, parei de brincar.
Foi ali, no carnaval, que eu decidi ser feliz –
feliz como é a festa em si.
Ser feliz é preciosidade – é decisão.
E, tão assim findou-se o carnaval, já
acabou a brincadeira.
Olhei sério e suavemente para o resto dos dias.
E, assim, acalmei as ondas daquele mar,
há muito de ressaca, há muito
bagunçado.
E esse mar que virou lagoa somente se
ondulava com a queda de folhas em suas águas.
Foi então, caiu nessa lagoa uma
árvore. Alta, florescida, não desapercebida.
Chegou e ondulou as ondas dessa lagoa – mas,
se lagoa não tem onda, como poderia?
As águas estavam contidas de flores espalhadas
em sua superfície.
Só na superfície mesmo – nada de águas profundas,
vai que afoga? E, assim, a lagoa cheira a cravo, a doce.
E é tudo uma mistura, uma grande
confusão – toda engolida pelas ondas daquele
mar azul. De todas as cores, e de cheiro de canela.
São elas, as flores, as pedras preciosas,
florescidas e florescentes.
Que secam em solo fértil e florescem
em meio a pedras – dão mais vida, mais aroma.
Como pode ser?
Deve ser essa coisa, a tal difícil decisão
de ser feliz.
De florescer
(Luciana Cafasso)